Há almas que são suaves como a brisa que passeia trazendo paz, mas sem agitar ninguém. As folhas das árvores apenas deslizam preguiçosas ao seu contato, e, se estamos descuidados, nem notamos a sua presença.
Há almas que são agitadas, por onde passam não deixam pedra sobre pedra. Tenho uma irmã assim. Seus olhos brilham de excitação nas mínimas coisas. Sempre há muitas respostas que ela precisa dar. Há também muitos problemas para serem resolvidos e, é claro, por ela e para ontem. Ela considera a vida uma batalha e é a grande guerreira que precisa por tudo em ordem para si e para aqueles que ama.
Sua alma não brilha, resplandece. Seus braços não apenas abraçam, eles amparam, sustentam, erguem. Ela tem a força de um gigante e toda disposição para sustentar a dor e o desamparo do outro. Diante do equívoco ela não conversa, incendeia.
É uma alma generosa, disposta a tudo para colocar todas as coisas em ordem. Seu nome, de origem grega, significa pérola alva. E faz sentido, porque pérola é o símbolo da famosa deusa do amor, da beleza e da paixão, Afrodite. Minha irmã é assim, cheia de paixão. Tudo que faz, faz apaixonadamente. A pérola também é utilizada para energizar ambientes, e, se alguém estiver desvitalizado, tomara que encontre em seu caminho essa minha irmã... Não há como não se animar.
A palavra alva refere-se à primeira claridade do dia e tem tudo a ver com almas agitadas. Quando essa minha irmã chega, não é mais possível permanecer quieto, escondido na própria escuridão. Como um raio ela torna tudo que está escondido, visível. Faz despertar quem ainda dorme.
Por isso não pensem que essa alma não tem momentos de tranquilidade. Tem sim, especialmente quando um problema acabou de ser resolvido ou quando uma ação devolveu a tranquilidade ao outro. Nesses momentos, a respiração se acalma, o corpo relaxa, a palavra cala na boca e no coração, mas o brilho dos olhos continua intenso, lembrando que toda a vitalidade permanece ali, descansando até a próxima guerra a ser vencida.
Mas almas assim sofrem muito com a incompreensão das pessoas que não entendem que o dia é feito também de noite e que a brisa suave pode se transformar num vendaval.
Almas assim precisam compreender que há almas que não têm maturidade para encarar o raio da ação objetiva que acerta o alvo sem pestanejar. Almas assim devem oferecer sua energia vitalizante para aquelas outras que perderam a iniciativa, mas não devem esperar muito reconhecimento daquelas que não estão ainda em condições de mexer-se e não devem insistir em chamar para a vida sementes que ainda precisam da escuridão da terra.
Mas é muito bom que haja almas assim. Essa minha irmã é a mais linda flor selvagem que a natureza espiritual colocou em meu destino. A Afrodite antiga, do tempo da Deusa Mãe. Valeu irmã, pela força, pela vitalidade, pela paixão, pelo cuidado. E vamos à guerra pela verdade, pela beleza, pela vida....