A lágrima desceu delicadamente pela face. Não era uma lágrima qualquer. Era a água abençoada que se derrama apenas de olhos que compreendem a miséria humana, a dor e o desespero.
Ao fazer seu caminho pelo rosto, a lágrima disse assim:
“Abre os olhos Tirésias, e contempla o céu maravilhosamente azul que revela nas noites o brilho das estrelas e é tão belo quanto o orvalho que veste flores e folhas no amanhecer.
Desperta Tirésias e ouve as ondas do mar que quebram na praia ou na imensidade do oceano e produzem tão linda música que acalma os corações.
Abre os olhos Tirésias. Porque a vida também é feita de luz e a luz pode ser calma e cariciosa, aquecendo corpos e almas.
Desperta Tirésias. Porque a escuridão é apenas a outra face da luz e será triste que te embrenhes tanto na escuridão sem a lembrança da luz que alimenta a vida.
Acorda Tirésias. Porque nenhum humano deve demorar-se tanto nas trevas do inferno onde se alimentam as sementes, para que toda lavoura não se perca na resistência e no desvario.
Abre os olhos Tirésias e deixa que a vida te tome e toma a vida em teu coração, em tua alma e em teu corpo. Porque desde que a vida se fez, é assim que ela se faz a cada dia.
Depois de germinada a semente somente a luz a transformará em flores ou frutos.
Desperta Tirésias. Que tua decisão insana de permanecer dormindo ultraja todas as formas de vida. Sonhos e projetos estacam diante de tua imobilidade. Teu sono estimula outras vidas a adormecer.
Acreditas, serás responsabilizado mais adiante no interior da tua própria consciência.
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